BRASIL, BRICS E A NOVA GEOPOLÍTICA PUNITIVA: QUEM PAGA A CONTA É O EMPRESÁRIO
- Charmaine Alves
- 7 de jul.
- 3 min de leitura
Na semana do WBA/BRICS realizado no Rio de Janeiro, o palco deveria ter sido de convergência estratégica entre os setores público e privado das nações emergentes. Deveria.
O que se viu, no entanto, foi um Brasil governamental empenhado em protagonizar mais um espetáculo de alinhamento ideológico que isola, compromete e fragiliza sua imagem externa — justamente no momento em que precisaria estar reforçando pontes e credibilidade.
Durante o evento, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o apoio do Brasil à proposta de taxação global dos chamados “super-ricos”. O tom foi de exaltação. A proposta, de sabor populista. O impacto, infelizmente, é real — e não apenas simbólico.

O BRICS QUE DEIXOU DE SER ECONÔMICO
O BRICS já foi um consórcio de potências emergentes com vistas à cooperação econômica, complementaridade de cadeias produtivas e defesa conjunta de interesses no comércio internacional.
Hoje, tornou-se um clube de afinidade ideológica, voltado à contestação da ordem liberal internacional. Com a entrada de regimes autoritários — como Irã, Etiópia e Egito — o bloco perdeu coerência econômica e passou a operar como instrumento geopolítico de antagonismo ao Ocidente, sobretudo aos Estados Unidos.
Na prática, o BRICS deixa de ser uma plataforma para o empresário brasileiro ganhar mercados e passa a ser um vetor de riscos reputacionais, tarifários e comerciais.

A FALA DE TRUMP: O COMÉRCIO SEGUE SENDO GUERRA
O ex-presidente norte-americano e pré-candidato Donald Trump reagiu com firmeza à movimentação do BRICS. E foi direto:

“Qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas dos BRICS pagará uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções.”
Isso não é bravata. É geoeconomia — a tradução prática da política externa em tarifas, barreiras não tarifárias e estratégias de isolamento comercial. E sim, a depender do redesenho das cadeias globais, o Brasil pode ser um dos primeiros alvos.
A retórica anticapitalista do governo brasileiro está sendo lida não como defesa da soberania, mas como alinhamento a regimes que representam ameaça à estabilidade do sistema internacional.
A RESPOSTA DO PRESIDENTE LULA: SOBERANIA OU INSULAMENTO?
Como agravante, o presidente Lula respondeu à fala de Trump com o seguinte comentário:
“Esse país tem dono, e é o povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida, e não na nossa.”
Frase típica de palanque interno, mas gravemente disfuncional no tabuleiro internacional.
A diplomacia moderna exige precisão, estratégia e pragmatismo. Não é lugar para reações impulsivas ou discursos carregados de antagonismo infantil. Quando o chefe de Estado desce ao nível da provocação pessoal, ele sobe o risco país. E com isso, sobe o custo do capital, o preço da exportação e o desconforto institucional de quem precisa negociar em nome do Brasil.
QUEM PAGA A CONTA DESSE ALINHAMENTO IDEOLÓGICO?
O custo dessa nova diplomacia performática recai diretamente sobre:
O exportador brasileiro, que perderá competitividade diante de tarifas extras;
O investidor estrangeiro, que observará com cautela um país imprevisível;
O empreendedor nacional, que pagará mais caro para importar, financiar ou expandir;
O setor produtivo, que se verá refém de políticas públicas desconectadas da realidade comercial.
Enquanto isso, países vizinhos como Chile, Uruguai, Colômbia e Paraguai adotam posturas pragmáticas, buscam acordos bilaterais, e avançam silenciosamente sobre os espaços que o Brasil insiste em abandonar por ideologia.
CONCLUSÃO: UM ALERTA DISFARÇADO DE OPORTUNIDADE
A nova ordem internacional não é mais bipolar. Ela é multifacetada, conectada, sensível ao risco reputacional e rápida em reações comerciais.
O empresário brasileiro precisa entender que a política externa do governo é variável incontrolável — mas sua estratégia empresarial não precisa ser.
Quem se antecipa, se protege. Quem observa, sobrevive. Mas quem ignora… vira estatística.
Se você leu até aqui, é porque está entre os poucos que compreendem que geopolítica não é abstração — é negócio, mercado e sobrevivência competitiva.
Nos vemos na próxima análise ou no CDN - Círculo Diplomático de Negócios que você consegue acesso AQUI.
Charmaine Alves - Estrategista em Negócios Internacionais | Diplomata Corporativa | CEO da CA Consultoria Internacional
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